Hoje eu preciso muito escrever por milhões de motivos, porém aquele que me faz gritar em alto e bom tom, é que as mães de crianças com deficiência não podem calar-se e aceitar o que lhe é oferecido, se não é o mínimo que cabe ao seu filho com dignidade por direito, não por favor.
Por trás da carapaça da lei de inclusão de crianças com deficiência em escolas regulares, garanto que há uma realidade perversa demais, pois infelizmente ainda é possível dribla-la muitas das vezes, sem o menor cuidado.
E fica aquele sentimento triste de indiferença, de desigualdade, de falta de respeito mesmo. Nenhuma empatia. Imagine você ter o seu filho com deficiência matriculado em uma escola, e no dia seguinte receber um contato de que não é mais possível?
Não vou desenvolver todo o enredo desta história real, pois ainda não houve um desfecho que seja favorável a parte mais afetada, a criança com deficiência.
Notoriamente, deveríamos repensar principalmente os profissionais das áreas de saúde e educação, o que os mesmos pensam a respeito de humanidade. Pensar no outro não como coisa, e sim como gente, que tem sentimentos inclusive. Seria muito interessante também, colocar-se no lugar do outro, como exercício de melhoria contínua.
Vocês não fazem ideia do que as mães ou responsáveis por crianças com deficiência passam? Seria demais vislumbrarem este mundo de medicações regradas, controles de alimentação, horários e dias intensos de reabilitação, inúmeras noites sem dormir, administrar o comportamento às vezes tido socialmente como inadequado, olhares de reprova de terceiros ou de piedade, ou ainda comentários infelizes e cruéis sobre a criança, a falta de acesso para você transitar por uma calçada cheia de buracos ou postes em lugares idiotas, ou não ter rampa de acesso aos lugares, ou pior, ter a rampa e ela estar sendo utilizada como estacionamento, ou "apenas por um minutinho" , ou os cochichos na fila do preferencial e assim vai... É tudo muito doido, puxado mesmo a realidade.
É estressante sim, mas é possível. Mas, não custa lembrar os cuidados que temos que ter com um filho tido como "normal", ou melhor sem deficiência. Não é diferente com um filho com deficiência, porém alguns aspectos tornam-se mais evidentes, os cuidados estão presentes em mínimos detalhes que podem ser fatais. Ficamos em alerta o tempo todo. Repare uma mãe que tenha filho com deficiência, se todas conseguem se cuidar como gostariam, ou as olheiras inevitáveis, a irritabilidade por noites mal dormidas sequenciais, o excesso de compromissos, além é claro, de sua vida profissional, afazeres domésticos, blá blá blá...
Veja, quero apenas que as pessoas sejam mais gentis umas com as outras, e que se disponibilizem a ajudar se puderem. Seja para dar uma carona, ou para lavar uma louça, ou para um desabafo, ou simplesmente para dizer "Estou aqui para o que precisar", " Você não está sozinha, conte comigo". Nunca foi tão doce ouvir frases como estas, ou sentir-se abraçada por elas.
Sinto falta sim, de uma assistência para as mães de crianças com deficiência, uma sensibilidade diferente. As organizações e as pessoas em geral, salvo exceções angelicais, pecam muito neste quesito. Muitas vezes, impõem regras quase impossíveis de serem acatadas satisfatoriamente, com ritmos e prazos irreais.
Bem, vou ficando por aqui hoje, pois a minha vontade é sair gritando pelas ruas, mas se grito resolvesse seria fácil. Temos que acreditar sim em meios legais para fazer a engrenagem rolar.
É isso aí!
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