15 dicas para lidar com os (filhos) irmãos de uma criança com deficiência

Irmãos de crianças com deficiência amadurecem mais rápido, é fato. Ter um irmão com deficiência não é algo simples. Até mesmo porque a mãe, o pai, ou o responsável acaba inevitavelmente despendendo mais tempo para a criança especial, do que para os demais.

Não é porque a mãe goste mais do filho com deficiência, e sim por ele demandar uma energia vital muito superior, devido aos constantes cuidados, como dar comida,  banho, administrar as medicações, vestir suas roupas assim por diante.

Esta publicação surgiu daí, pois existe pouco estudo na área, e a certeza de que os irmãos (desenvolvimento típico), precisam também serem assistidos. Não apenas os pais, ou cuidadores, ou a criança com deficiência requer cuidados especiais.

Todo o cuidado é pouco aqui, pois os outros também são filhos, e requerem atenção também. E como fazer isso?

Baseado em experiência de vida, leitura e estudo, seguem algumas dicas, ou melhor,  15 dicas:

1. Comunicação, palavra de ordem. Se para os pais receber a notícia ou lidar com o cenário da deficiência de um filho é angustiante e um desafio, quem dirá para os irmãos, que participam em paralelo, sem muitas vezes terem informações importantes a respeito. Converse com seus filhos sobre a deficiência do irmão, claro com uma linguagem compatível com a faixa etária, evite a criação de fantasmas ou fantasias;

2. Economize, nas incertezas e inseguranças. Mostre que tem o controle da situação, mesmo que não tenha. Nada de criar novos monstros ou exagerar na dramatização ou intensidade da deficiência; 

3.  Os irmãos sofrem pelo irmão com deficiência, ficam ansiosos por desejarem que ele faça as mesmas coisas que outras crianças de sua idade (desenvolvimento típico), como andar e falar... O diálogo é necessário, sempre quando surgirem estes cenários. Em algumas consultas ou terapias, quando possível leve-os com você, para participarem do momento, e absorverem mais informação;

4. Domine e estabeleça uma rotina para a sua casa, com distribuição de responsabilidades e tarefas para todos os integrantes, isso trará uma organização necessária para lidar com os outros afazeres, sejam profissionais, escolares, domésticos etc;

5. A criança com deficiência traz para família outra dinâmica e condição financeira, as despesas ocorrem em uma dimensão expressiva, com medicamentos, fraldas, terapias de reabilitação, cadeiras de rodas, órteses, próteses, talas e assim vai. Porém, não deixe de lado as necessidades dos demais filhos. Administrem as prioridades em conjunto, alinhem prós e contras de cada situação. Eles são capazes de compreender, desde que você sinalize o caminho;

6. Reserve um tempo de qualidade também para os demais filhos, vá as suas reuniões escolares, acompanhe as tarefas, participe de sua rotina. Abrace-os, diga o quanto os ama, enfim divirta-se com eles;

7. Procure desenvolver outros cuidadores de seu filho com deficiência, para ter momentos especiais e exclusivos com os demais, e detalhe, com você mesmo;

8.  Prepare-os para lidar com o preconceito. Oriente desde cedo os seus filhos que não possuem a deficiência para lidarem de maneira positiva com os comentários infelizes por falta de conhecimento dos demais colegas, amigos,  desconhecidos e pasmem de alguns profissionais limitados e despreparados, e de familiares.  Não há motivos para esconder-se, fortaleça-os;

9. Entenda que ter uma criança com deficiência traz a tona muito cedo o senso de responsabilidade, e cuidado com o outro, os irmãos buscam adaptar-se a nova realidade da família, às vezes em uma velocidade elevada demais. Então,  não exija dos seus filhos, algo além do que eles possam lhe dar ou ajudar, afinal são crianças e não pequenos adultos;

10. Não prive seus filhos sem deficiência a viver a vida, pela simples razão do irmão com deficiência não poder acompanhar todos os momentos, não por não ser aceito, e sim para preservá-lo;

11. Delegar o cuidado único e exclusivamente aos irmãos, deixando-os sozinhos junto ao irmão com deficiência, é negligenciar os riscos existentes, em um mal súbito, ou situação emergencial, por exemplo, garanta um ambiente seguro para todos;

12. Encarar com normalidade momentos de conflitos, decepções dos irmãos, por sempre, ou quase sempre privar-se de trazer amigos em casa, temendo um comportamento inadequado do irmão, gritos, crises ou algo similar. Ajude-os a absorver as emoções e compreender melhor os sentimentos envolvidos gerando inteligência emocional.

13. O futuro poderá assustá-los e trazer insegurança. Na ausência dos pais ou de cuidadores, os irmãos terão a responsabilidade de cuidar ou zelar pelo irmão com deficiência. Prepare-os com tranquilidade para isso;

14. Comemorar as conquistas de todos os filhos, seja ele com deficiência ou não. Todos são especiais, cada um ao seu modo, e possuem necessidades específicas para serem atendidas. Para tanto, alternativas criativas para conciliar e preservar os momentos devem existir. A flexibilidade da família trará o favorecimento de todos, sempre que possível;

15. Propor, buscar ou promover serviços de atendimento para os irmãos é bem positivo, não cabendo apenas ao poder público, mobilizar-se pode ser ainda uma ótima alternativa, é certo que eles estarão presentes na vida de seu irmão com deficiência por muito mais tempo do que qualquer outra pessoa. Lembre-se disso!

A ideia é cuidar de todos, mães, pais, filhos e pessoas mais especiais que fazem parte da missão de amar, zelar, educar, e tornar a vida das crianças com deficiência de maior qualidade. Isso significa preservar todos, inclusive os irmãos.

Um dia por vez, assim que tem que ser, e sempre será!

“Saio a passear

Numa noite de estelar

Uma música começa a tocar

E as estrelas a dançar 

Venho então a montar

No meu cavalo pegasus e deslizar

Pelo ar da cidade a cortar

E eu te encontra

Numa noite de estelar

E as energias renovar"

[Claudia Zanon]

Play-list da publicação: Rafinha Acústico - Vida Preferida