Frustrada com tamanha impotência frente a um mundo ainda despreparado para lidar com as diferenças, com deficiências, com necessidades específicas, e tão carente de usufruir os direitos propostos em legislação, pena que apenas no papel.
Penso como é doloroso receber seguidos "nãos", quando ao buscar a escola para um filho especial torna-se algo tão desafiante. Quero que ele aprenda como os outros, que possa transitar pelas ruas, como os outros, mesmo que seja em uma cadeira de rodas, de muletas, com órteses, seja como for... Quero poder dar uma educação de qualidade a ele, não por ele ser um "coitadinho", e sim por ele ter os mesmos direitos que os meus outros filhos tem, e os seus também...
Cruel demais pensar que as desculpas afloram quando tratamos o tema, tudo é um negócio, nossa e que negócio caro tratar, reabilitar e cuidar de pessoas com deficiência, não é mesmo? É sim, é fato, quando vou comprar os medicamentos, ou quando tenho que levar e trazer o meu filho as terapias de reabilitação, atualmente 12 profissionais, é elevado o tempo que se investe em dar atenção, e assistir uma criança ou pessoa com necessidades especiais, além de tantas outras particularidades, que cada caso exige.
Esta realidade sempre foi muito presente em minha vida, mas no último 1 ano e meio tornou-se impactante. O quanto já aprendi a ter que me humilhar, chorar, pedir por meu filho especial. Não cessarei esforços para garantir o melhor para ele, pois filhos não podem esperar.
Vivemos então em um mundo de quase inclusão, o tempo todo a realidade grita, e pouco é feito. Incomoda-me muito não fazer algo mais efetivo para o benefício do meu filho, ou de qualquer outra pessoa que precise de acesso, seja qual for, educação, lazer, saúde, transporte, alimentação etc.
Nas empresas precisamos contratar pessoas com deficiência para atender as cotas, caso contrário somos multados. Então, grande parte das organizações querem contratar, mas , o fato é que querem os quase deficientes, ou meio deficientes, ou melhor dizendo aqueles que não faz-se necessário nenhum investimento...Então tudo bem, é uma empresa inclusiva. Tolice, e hipócrita demais!
As escolas seguem a mesma linha, tem um discurso nobre de educação inclusiva, porém na prática, escolhem seus alunos, o ponto sempre é o negócio, e não a causa.
Talvez se os gestores, diretores, coordenadores que tem o poder de decisão neste caso, tivessem em seu repertório de vida uma pessoa com deficiência na família ou próximo, poderia sim permitir uma análise mais profunda sobre o caso, e avaliar possibilidades, mesmo que estas representassem um investimento inicial.
A quase inclusão está em toda parte, onde estão os milhares de deficientes do nosso país? Onde eles estudam? Onde trabalham? Quantos deles possuem renda própria? Quantos vão e vem de onde querem na hora que desejam? Como conseguem sobreviver neste mundo tão injusto? Me digam, vocês conhecem algum deficiente? Quantos são seus vizinhos? Como vivem? O que fazem por eles? Ajudam-nos a atravessar uma rua? Ou a entender um panfleto? E a TV então? Quantos podem realmente ter o prazer de compreender o que está acontecendo a sua volta? Praticamente todos são segregados, banidos do convívio dos demais...
Os números comprovam, eles existem e representam mais de 23,9% dos brasileiros, conforme matéria abaixo, e gráfico.
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/04/239-dos-brasileiros-declaram-ter-alguma-deficiencia-diz-ibge.html
Talvez seja melhor fazer sempre de conta que pimenta no olho do outro é refresco, em nossa vista então... Sei lá o que é...
Extremamente contaminada com esta vida ingrata para essas pessoas tão especiais, quanto o meu filho, que culpa nenhuma tem, de ter sido agraciado, se assim posso dizer por limitações e tão afortunado de amor, pois com o seu olhar é possível ver, sentir, que apenas quer o bem, e ser feliz, seja como for...
Então, meus amigos e amigas, às vezes me pego a pensar em um mundo mais igual, mais justo, mais sensível as necessidades dos outros. Cada um tem os seus leões, não tenho dúvidas disso...Penso se não seria a hora de termos também os "rolezinhos" para as pessoas com deficiência, pela causa, para pensarmos mais a respeito, para disseminarmos que estes também são gente, que precisam de carinho, respeito e acesso.
É isso aí!
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